Louca Paixão

REGINA BERTOCCELLI


Acordei naquela manhã quente e ensolarada
e resolvi dar umas voltas com o meu carro
Comecei a dirigir sem rumo e sem destino,
percorrendo toda a costa do litoral sul
Foi quando de repente meu carro parou
Fiquei estática e imóvel
Sem saber o que fazer
Olhando em volta vi que estava
em um lugar ermo e sozinha
Nuvens escuras e pesadas se formavam,
anunciando que um temporal se aproximava
Foi quando vi surgir um rapaz alto, forte
e muito sorridente que me ofereceu ajuda
Nossos olhos se cruzaram e eu senti um frio
percorrendo e descendo pela minha espinha
Ficamos assim algum tempo, até que, um forte trovão, cortou o céu
Uma chuva grossa e pesada caiu sobre nós
Corremos, tentando procurar algum abrigo,
quando deparamos com uma casa que parecia abandonada
Nesse momento, apenas nos olhamos
e sem dizermos nada entramos,
pois não precisávamos de palavras
para traduzir o que, ambos, sentíamos
Era uma casa modesta com poucos móveis,
mas muito aconchegante
E uma sensação estranha se apoderou de mim
Acendi uma vela que encontrei e então pude perceber o quanto aquele homem era másculo e belo
Nos aproximamos um do outro e, sem nada dizermos, nos abraçamos e nos beijamos
Parecia que já nos conhecíamos, e que, juntos,
já tínhamos estado muitas e muitas vezes
Sobre algumas almofadas que estavam
jogadas no chão, nos deitamos e começamos
a nos despir, aos poucos...
Sempre fitando os seus olhos que me falavam,
e que me desejavam, sem que palavras
precisassem ser ditas
O calor de seu corpo acendia, em mim,
paixões loucas que há muito não sentia e nem vivia
Eu me deixei tocar, e o toquei...
Seus dedos percorreram todo o meu corpo,
e eu estremeci todinha
Sim, nunca desejei tanto alguém como aquele homem, e nos seus braços, me deixei ficar
Me deixei amar...
E turbilhões de sensações deliciosas se misturaram,
dentro de mim, ao ritmo cadenciado da chuva
Estávamos um dentro do outro num encaixe perfeito
Numa sintonia mágica!
Sentindo-o crescer dentro de mim,
latejando e pulsando...
Assim, nos entregamos e nos amamos
E sem querer, adormeci gostoso
Quando voltei desse estado letárgico,
vi que estava sozinha, mas sentindo ainda
o seu calor em mim
Olhando em volta, descobri, numa pequena mesa,
um bilhete seu

Nele, poucas palavras
Ele apenas me agradecia pelos momentos vividos,
e dizia que eu já podia voltar,
pois meu carro já estava consertado
Eu, sempre volto, àquele lugar, na esperança
quase insana, de poder encontrá-lo
De poder viver tudo aquilo
De novo, e de novo...
De poder, pelo menos, saber o seu nome



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