O inesquecível dia da Formatura
 


Mônica está feliz!

Chegara o dia tão sonhado para ela!

Hoje é o seu baile de formatura e ela está linda! Aquele vestido vermelho lhe cai muito bem.

Ela sabe que será uma das formandas mais bonitas do baile, apesar de todas estarem trajando vermelho, como foi o combinado entre elas.

As meninas usarão vestido longo vermelho e os rapazes estarão de terno com um cravo vermelho na lapela, para serem identificados durante o baile.

Seu vestido de seda pura deixa a mostra toda suas costas em um decote generoso que termina com um grande laço.

Seus cabelos pretos e longos contornam seu rosto realçando ainda mais sua beleza morena.

Enquanto se olha no espelho, Mônica recorda sua vida de uns anos atrás e seus pensamentos a levam até Lucas.

Aliás, se não fosse o Lucas, jamais teria se formado em uma faculdade particular e sem dúvida nenhuma, jamais estaria hoje tão feliz como está.

Sim, fora o Dr. Lucas quem a ajudou, quando Mônica, desesperada descobriu através do jornal, que seu marido Sílvio estava preso por tráfico de drogas.

Naquele momento seu mundo desmoronou.

Sua vida não tinha mais razão de ser.

Fora enganada pelo homem que tanto amava.

Não, seu marido não era aquele homem com quem ela havia se casado.

Como?

Como pode se deixar iludir tanto?

Um marginal, sim, seu marido era um marginal.

E o que seria dela agora?

Precisava de ajuda para encontrar uma solução para aquele drama que estava vivendo.

Sílvio trabalhava em uma pequena firma, que assim que soube tudo sobre seu funcionário, o demitiu por justa causa.

Mônica visitava Sílvio no presídio, e em uma dessas visitas, ele en-tregou o endereço de um advogado, pedindo que ela fosse ao en-contro dele dizendo que este advogado poderia tirá-lo de lá.


II
 

Quando Mônica entrou pela primeira vez naquele escritório, era uma mulher despedaçada.

Nela já não havia mais sonhos.

Seus 22 anos desapareceram debaixo de um rosto entristecido e muito sofrido.

Foi recebida por uma mulher muito bem vestida, de olhar in-decifrável e gestos arrogantes.

O escritório simples onde se via apenas uma mesa, uma cadeira e um banco encostado na parede, que, com certeza servia para os clientes esperarem a sua vez de serem atendidos, não combinava em nada com aquela mulher tão arrogante.

Assim que Mônica sentou-se, explicou o motivo de sua ida ali e en-quanto contava sua história, aparece na sala um homem alto de pele clara e cabelos escuros, que aparentava uns 35 anos, e depois de cumprimentar as duas mulheres, foi logo se apresentando: era o Dr. Lucas de Andrade, advogado criminalista que logo se interessou pela narrativa de Mônica.

III
 

O Dr. Lucas era um advogado conceituado na cidade e que fazia um trabalho comunitário dedicando um dia na semana ao atendimento da população carente.

Noivo há alguns anos de Helena, a mulher de olhar indecifrável, não pensava em casar, já que com Helena vivia um “relacionamento moderno”, para a época.

Com o caso de Sílvio nas mãos, Lucas sempre ligava para Mônica querendo saber mais sobre a vida de seu cliente.

E em todas as vezes que se falavam, ele demonstrava um carinho especial pela situação de Mônica.

Depois de algum tempo, Lucas conseguiu tirar Sílvio da cadeia, com a justiça concedendo a ele liberdade condicional.

Ao voltar a ter liberdade, Sílvio continuou a vida de antes e Mônica já não aguentava mais viver ao lado daquele homem que outrora ela amara tanto.

Sua vida se transformara num inferno, tendo sido ameaçada várias vezes, pelos comparsas de seu marido, quando souberam que Sílvio tinha traído todo o bando.

Num domingo de carnaval, Sílvio saiu de casa pela manhã dizendo que ia atender ao chamado de um amigo e à noite chegou a notícia de que fora assassinado no meio de um bloco de rua.

Mônica chorou.

Chorou um choro de alívio, de desespero, de tristeza, enfim, um choro de quem estava sofrendo muito.

Mais uma vez, Mônica foi pedir auxilio ao Dr. Lucas e ele com aten-ção redobrada, tratou de tudo que se referia ao enterro de seu cli-ente.


IV
 

Mônica havia perdido sua mãe há dois anos e agora estava se sentindo completamente só.

Precisava organizar sua vida.

Tinha que arranjar um emprego, mas onde? Só tinha o primeiro grau e até um curso de informática que tinha começado, não conseguiu terminar.

Onde arranjaria emprego?

Com a morte de Sílvio, Lucas ficou ainda mais preocupado com Mô-nica e um dia a procurou e lhe ofereceu um emprego em seu escritório.

Atitude esta, que Helena não viu com bons olhos e jurou prá si mesma que se Mônica fosse trabalhar lá com eles, ela iria infer-nizar a vida dela.

Mônica aceitou na hora a oferta de emprego e começou no dia se-guinte, e o que deveria ser uma alegria para Mônica começou a ser o período em que foi mais humilhada, pois Helena, morrendo de ciúmes, fazia Mônica limpar o chão e lavar o banheiro, dizendo que só tinha este serviço, para quem não tinha instrução.

E falava bem alto para os clientes escutarem: “Tem que limpar os vidros e muito bem limpos. Quem mandou não estudar?

Helena tinha razão de ter ciúmes, pois depois que Mônica começou a trabalhar no escritó-rio, Lucas não saía mais de lá, era cheio de atenções com Mônica e Helena estava prevendo que seu relacionamento estava no final.

Mas de nada adiantaram as brigas e humilhações impostas à Môni-ca, pois Lucas, depois de alguns meses decidiu terminar o romance com Helena dizendo que estava apaixonado por Mônica e daquele dia em diante faria tudo por ela e pelo imenso amor que havia nas-cido entre os dois.


V
 

Com o apoio e incentivo de Lucas, Mônica continuou seus estudos, entrou na faculdade de Direito e com sua força de vontade fez al-guns cursos paralelos, concluindo o curso de informática e termi-nando também um curso de inglês.

Mônica passou a gerenciar o escritório, que agora funciona a sema-na inteira, fazendo o nome do Dr. Lucas de Andrade ficar mais co-nhecido pelo belo projeto comunitário que ajuda a um número enorme de pessoas carentes do bairro em que mora.

E devido a este grande trabalho, Lucas foi convidado por um partido político a se candidatar para a Câmara Municipal, nas próximas eleições.

E hoje é o ápice de toda esta escalada.

Enfim, chegou o dia!!!!

E quando Mônica receber o diploma de Bacharel em Direito, ela terá a certeza que acabou de abrir uma porta em sua vida.

Não sabe ainda se vai advogar ou seguir a carreira jurídica, o que ela sabe é que de hoje em diante será uma nova mulher.

Uma mulher pronta para a vida, uma mulher pronta para encontrar o seu lugar no mundo.

Neste instante chega Lucas pedindo que se apresse, pois, não de-vem chegar atrasados na recepção.

Mônica atende ao chamado de Lucas e os dois se encaminham até os salões do Hotel onde haverá a colação de grau e logo após, o baile.

E ao chegarem ao salão onde a orquestra já se encontra pronta para o início do baile, Lucas tira do bolso de seu paletó uma caixi-nha e a entrega a Mônica.

Ao abrir, um lindo anel de brilhantes cintila diante dos olhos de Mônica, que ouve bem baixinho em seu ouvido um pedido de casamento.

Com os olhos marejados, ela responde com um beijo na certeza que este é o inicio de uma nova vida, uma vida onde o amor, o companheirismo e o respeito esta-rão sempre em primeiro lugar.


Lenir Moura


 

 
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